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Círculo Vermelho

Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...

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28
Abr07

Morfometria - texto de Nadir Afonso

Laura Afonso

A morfometria, qualidade de fonte matemática, é a essência da obra de arte, sendo ela que, numa ilusão de imanência, imprime alma nas outras qualidades próprias dos objectos: a perfeição surge-nos, assim, mais justa, a harmonia mais pura, a evocação mais sincera, a originalidade mais espontânea, como se os objectos fossem banhados de espiritualidade… quando, na realidade, apenas são reestruturados segundo aquela mesma geometria – considerada por Platão, «a beleza absoluta» – que rege as formas elementares da natureza.

E esta certeza mostra-se de tal modo evidente que, durante a nossa longa vida, sempre rebatemos as conjecturas dos estetas, críticos de arte.

Vejamos como se gera essa convicção de que não existe uma lei determinante, própria da obra de arte – «a arte é um mistério» diz Albert Einstein.

Os filósofos pensam que nunca a estética poderia constituir-se como disciplina rigorosa, nem jamais, a liberdade criadora da arte, seria submetida às regras predeterminadas da ciência e suas normas quantitativas … e, contudo, apesar de tão bem conceituados argumentos, o filosofo engana-se, esquece que na criação artística, a matemática perpassa intuitiva, conduzida por uma percepção sensível e nunca acessível a uma consciência dizível.

Para entender a noção de morfometria e alcançar o que de eterno e transmissível existe na obra de arte, reveste-se de primordial importância, cultivar, mediante uma prática perseverante, a nossa acuidade às formas da natureza e laborá-las de tal modo que possamos distinguir os atributos imutáveis próprios dos espaços e diferenciá-los dos atributos mutáveis, próprios dos objectos, sujeitos à evolução natural.

Dado que as formas elementares da natureza – círculo, esfera, quadrado, cubo, triângulo equilátero … – estão na origem dos espaços regidos por leis, é nesta essência particular da obra de arte que o filósofo-esteta sente sem, todavia perceber, o mistério que emana dos objectos convertidos a uma mensurarão quantitativa.

A operação morfométrica – essa conversão da forma do objecto em matemática da forma – é amplamente tratada nos nossos trabalhos anteriores[1].                       

Texto de Nadir Afonso



[1] Le Sens de l’Art, Inprensa Nacional. O Sentido da Arte, Livros Horizonte.

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